O ESPIRITISMO À LUZ DA CRÍTICA

Autor : Deolindo Amorim



Capítulo I

AS IRMÃS FOX ([*]).

Os Fenômenos de Hydesville
Pressão religiosa – Retratação
Segunda declaração de Margarida Fox
Recusada a hipótese de ventriloquia.
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ver Obs. ao final.


Comecemos a nossa refutação pelas irmãs Fox. Conquanto a participação das irmãs Fox na origem do movimento Espírita já tenha sido muito discutida, muito reprisada na maioria dos livros e estudos relativos aos "raps" de Hydesville, não podemos deixar sem réplica algumas passagens em que o Padre Negromonte incide em falhas palmares, tanto na parte narrativa, como na parte interpretativa dos fatos. Se é certo que o escritor católico cita incidentes cuja veracidade não negamos, também é certo que esconde passagens das mais elucidativas no caso das irmãs Fox. Calculadamente ou não, o Padre Negromonte sacrifica a parte mais importante de toda a história das irmãs Fox e dos fenômenos de Hydesville, uma vez que, tendo apontado um episódio realmente contraditório, deixou de citar os documentos em que se prova, depois, a reabilitação moral de Margarida Fox, através de fatos posteriores.

Diz o Padre Negromonte que Margarida Fox se retratou, negou publicamente a autenticidade dos fenômenos. Vamos provar, no entanto, com documentos da época, que Margarida destruiu cabalmente a retratação de que fala o Reverendo. Sob a pressão das circunstâncias, sem boa cultura filosófica, não pode Margarida resistir às insinuações de seus exploradores, como não pode neutralizar a persuasão dos que sobre ela exerciam influência religiosa. Utilizou-se o Padre Negromonte apenas de uma declaração negativa de Margarida Fox, declaração feita, aliás, muito depois dos fenômenos de Hydesville, mas não levou em consideração os fatores psicológicos que preponderaram na momentânea decisão da Sra. Fox. O Padre Negromonte sabe muito bem que, por meio de processos psicológicos, tanto é fácil arrancar uma confissão, como é possível forçar uma atitude ou até um testemunho falso. Nem é necessário recorrer à psicologia forense para saber que nem sempre se pode dar crédito a certos depoimentos, ainda que aparentemente espontâneos, desde que haja qualquer influência persuasiva. Uma das condições de validade do testemunho é a inteira liberdade de quem depõe, sem insinuações, sem interferências exteriores. Assim também são os depoimentos de ordem histórica.

Quando Margarida Fox escreveu as suas palavras de condenação e negação do Espiritismo, não estava inteiramente livre, psicologicamente falando. Não havia condições psicológicas favoráveis à tranquilidade e à reflexão. Vamos provar o que estamos afirmando. É verdade que Margarida Fox assinou a declaração transcrita pelo Padre Negromonte, em seu livro (pág. 11), mas está provado também, que a citada declaração foi anulada pouco depois, pelo próprio punho de Margarida Fox, e de modo categórico, quando reafirmou a exatidão dos fenômenos. Não convém ao Padre Negromonte contar o resto da história...

Seja por desencargo de consciência, seja por exigência de ordem cronológica, nunca se deve desprezar qualquer documento elucidativo, principalmente quando está em discussão um fato que já pertence ao domínio da História. O Padre Negromonte citou a primeira declaração de Margarida Fox, exatamente porque interessa ao ponto de vista católico tudo quanto possa constituir elemento favorável à negação dos fatos Espíritas ; não citou, entretanto, a segunda declaração, que é um depoimento positivo, mais cauteloso, mais pormenorizado e, por fim, inteiramente favorável ao Espiritismo. Este critério entretanto, não se ajusta às boas normas de qualquer discussão histórica, porque não é recomendável transcrever ou aproveitar simplesmente o que convém, e deixar à margem o que não convém, desde que haja sequência de fatos, como no caso das irmãs Fox. O Padre Negromonte omitiu, aliás, um ponto importante, um elemento de indiscutível expressão documental, isto é, o depoimento em que Margarida Fox vem a público para desfazer todas as calúnias de que fora vítima, desde o começo das manifestações.

Eis aqui a declaração em que Margarida Fox nega os fenômenos Espíritas :


"O Espiritismo é uma maldição ... (sic) Nenhuma pessoa equilibrada pode pensar de outro modo. Tive sempre plena certeza de que todos os fenômenos produzidos por minha irmã e por mim eram pura fraude. Não obstante tentei explorar o desconhecido, tanto quanto é dado aos homens. Fui aos mortos, para ver se me podiam dizer alguma coisa. Nada consegui, nada. Procurei obter algum sinal, mas nunca obtive resultado".



Este documento, à primeira vista, parece esmagador, definitivo, suficiente para liquidar o Espiritismo. O Padre Negromonte não hesitou em lhe dar primazia entre as maiores provas contrárias aos fenômenos Espíritas. Fê-lo euforicamente, como se aí estivesse a última palavra sobre a questão. Tendo-se firmado neste documento, que é apenas uma parte mínima da história, o Reverendo não tomou conhecimento dos fatos que se seguiram à primeira declaração. Pelo menos, é o que parece.

Vamos provar, agora mesmo, que a própria Margarida Fox, logo no ano seguinte, em estado de serenidade, com inteira liberdade, destruiu tudo o que aí está, uma vez que sustentou claramente a realidade dos fenômenos Espíritas. O Padre Negromonte leu muito sobre as irmãs Fox, mas não viu ou não quis ver esta parte... Louvou-se o Reverendo, em grande parte, no livro do Padre Herédia “O Espiritismo e o Bom Senso”, assim como, em livros de outros escritores católicos, o que lhe permitiu, sem dúvida, fazer tábua rasa de fontes respeitáveis e bem documentadas, como se nada existisse fora da bibliografia católica. Citou escritores Espíritas, é certo, mas o fez exclusivamente para extrair frases soltas.

No terreno da documentação histórica, o critério do Padre Negromonte peca pela omissão e pela falta de senso analítico. Ora, uma vez que houve duas declarações antagônicas, porque uma afirma e a outra nega, é claro que as duas deveriam ser confrontadas, com a indispensável indicação das datas, para que o leitor, de posse dos dois documentos, pudesse apreciar os fatos. Que fez, entretanto, o Padre Negromonte ? Citou apenas uma declaração. Logo, pecou por omissão. A primeira declaração pública de Margarida é de 1888. Por Espírito de prudência, porque é assim que se deve proceder em qualquer pesquisa histórica, o nosso digno opositor deveria investigar cuidadosamente os documentos e as circunstâncias posteriores, para verificar se, passada a situação em que se encontrava naquele ano, Margarida ainda manteve a mesma opinião ou se retificou alguma coisa do que dissera.

Tal como se procede na pesquisa de fontes bibliográficas, também na pesquisa de documentos originais, é sempre necessário senão indispensável ir além do primeiro achado, precisamente porque, conforme seja o caso, um documento encontrado ou descoberto posteriormente pode reduzir muito e, em última hipótese, pode até anular todo o valor do primeiro documento em pesquisa de fontes, portanto nem sempre se deve dar o brado de eureca, logo no primeiro passo. Foi isto, exatamente, o que fez o Padre Negromonte, porque se deu por satisfeito com um documento apenas, e não levou em consideração pelo menos a possibilidade, muito admissível de aparecerem depois, documentos anulatórios. No caso das irmãs Fox, especialmente de Margarida, o Reverendo não demonstrou senso analítico em matéria histórica.

Vejamos, por exemplo, o que acontece com os chamados livros de consulta. Qualquer escritor ou tratadista, que defende uma tese ou Doutrina, suponhamos, na primeira edição de um de seus livros, pode modificar parcialmente ou, às vezes, totalmente, as suas ideias básicas na segunda ou na terceira edição, desde que as circunstâncias o imponham. No intervalo de um, dois ou cinco anos, certas eventualidades podem sugerir modificações profundas no pensamento de um autor, como podem determinar a substituição integral de opiniões consideradas inabaláveis. Na pesquisa bibliográfica – que nos permita o inteligente e respeitável opositor a recordação desta regra elementar – quando há duas ou mais edições de uma obra, notadamente quando o autor ainda está vivo, sempre se deve procurar a última edição, e por uma razão muito simples : é que a edição mais nova está em dia com o pensamento do autor, no caso de haver alteração, acréscimo ou exclusão de algum ponto já considerado caduco na última edição. De uma edição para outra, embora a regra não seja absolutamente obrigatória, há sempre modificações ou acréscimos.

No caso de Margarida Fox, por força de maiores razões, o segundo depoimento, que o Padre Negromonte não indicou em suas citações, deveria ter significação muito maior, porque o primeiro fora escrito sob a coação de influências pessoais, como ela mesma viria dizer, pouco depois. Pela delicadeza da pesquisa, uma vez que se trata de matéria sujeita a controvérsia religiosa, dever-se-ia fazer o indispensável confronto entre os dois depoimentos, escritos em condições diferentes, a fim de que, à luz de tais elementos, se pudesse conhecer todo o fio da história. Não foi isto o que se deu ; o Padre Negromonte não procedeu assim. Eis aqui a prova :


I - Primeira declaração de Margarida Fox CONTRA o Espiritismo (*)

"Quando o Espiritismo principiou, Katie e eu éramos crianças, e esta velha, minha irmã, serviu-se de nós como instrumentos. Nossa mãe era simplória e fanática. O Espiritismo surgiu de um nada. Éramos crianças inocentes. Que é que sabíamos ?"

( Esta declaração é de 24 de setembro de 1888 ).



II - Segunda declaração de Margarida Fox FAVORÁVEL ao Espiritismo (*)

"Minhas acusações eram completamente falsas. Minha crença no Espiritismo continua incólume. Os fenômenos se apoiam sobre fatos incontestáveis."

( Esta declaração é de 16 de novembro de 1889 ).



O Padre Negromonte, como estamos demonstrando, transcreveu apenas o primeiro documento, isto é, o de 1888, porque este contém expressões em que Margarida Fox nega a realidade dos fenômenos Espíritas. Por que, então, o Padre Negromonte não transcreveu também o outro documento, o de 1889, em que Margarida, um ano depois, reafirma a veracidade dos fenômenos e ainda acrescenta que a crença no Espiritismo continua incólume ? Isto sim, é o que seria correto, até mesmo por exigência da ética intelectual. É claro que a divulgação da segunda entrevista de Margarida poria por terra tudo quanto ela mesma dissera anteriormente, forçada por motivos íntimos.

Fica provado, portanto, que Margarida Fox destruiu, com as suas próprias palavras, a declaração em que ela se vira na contingência de condenar o Espiritismo. Agora, outro aspecto, e muito importante : Margarida arrependeu-se de haver escrito a ruidosa declaração contrária ao Espiritismo. Ela mesma confessa o arrependimento, e o faz em termos incisivos, sem deixar a menor dúvida. Não se trata de mera conjectura nem de simples hipótese : São os documentos que o demonstram. Vamos apresentar as provas concretas. Entrevistada pelo jornal “New York Herald”, em 1889, como já vimos, depois de haver negado a exatidão dos fenômenos, no ano anterior, o redator perguntou-lhe de propósito o seguinte: “Havia alguma coisa de verdadeiro nas acusações que V. fez ao Espiritismo ?” Eis a resposta imediata de Margarida :


"Quando fiz aquelas declarações não era responsável por minhas palavras."




Que querem mais ? A que declarações se refere ? Justamente àquelas em que, constrangida, acusara o Espiritismo. Eis aqui, finalmente, a confissão do arrependimento :


“Queira Deus que eu possa reparar o dano causado ao movimento Espírita quando, sob o poderoso influxo de seus adversários, me permitiu acusações que não se apoiam em fatos reais”.




Tão abatida ficara a sua alma, tão inquieta ficara a sua consciência, por haver cedido às insinuações dos inimigos do Espiritismo, que Margarida chegou a manifestar o desejo de vir a público, pela tribuna, reparar o mal que fizera à causa Espírita. Provemo-lo com as suas palavras textuais. Perguntou-lhe o jornalista do “New York Herald” se, depois de tudo o que ocorrera, ainda pretendia fazer sessões mediúnicas. Que respondeu Margarida ?


“Não – disse ela – pretendo dedicar-me a trabalhos de propaganda na tribuna pública, porque assim poderei refutar melhor as calúnias lançadas por mim contra o Espiritismo”.



Não se diga que esse documento fora forjado ou preparado por meios sugestivos, uma vez que a própria entrevistada lhe ratificou a legitimidade, quando disse :


“Tendo lido a anterior resenha desta entrevista, nada encontro que não seja fiel expressão de minhas palavras e de meus sentimentos”.




Tudo isso prova, acima de qualquer sofisma, que não tem valor algum, tanto sob o ponto de vista puramente documental, como sob o ponto de vista psicológico, aquilo que fora dito anteriormente, por insistências de terceiros interessados em desmoralizar o Espiritismo. Margarida Fox ainda foi mais positiva quando, completando as suas ideias, afirmou :


“Está fora da força dos falsários produzir qualquer materialização, e desafio a quem quer que seja para produzir um “golpe” nas condições em que eu fiz. Não há ser humano na Terra capaz de produzir os “golpes” da mesma maneira por que se produziram por meu intermédio”.



OBS.: Os golpes ou “raps” são os fenômenos que, em 1848, na cabana de Hydesville, revelaram a mediunidade de Margarida Fox e demonstraram a presença de um Espírito que, como homem, havia sido assassinado e enterrado misteriosamente naquele local.

Até aqui, à luz de provas documentais, apreciamos apenas o aspecto histórico do problema. Dentro do ponto de vista puramente histórico, já demonstramos que não tem consistência alguma o documento de que se serviu o Padre Negromonte, porque tal documento perdeu toda a expressão de segurança, uma vez que veio outro documento, e o anulou em termos claros, sem reticência nem vacilação (...)


Lápide em memória ao local em que moraram as irmãs Fox



Tradução da Lápide :

"O local de nascimento do Moderno Espiritualismo.
Sobre esta área ficou a cabana de Hydesville
A casa das Irmãs Fox
Através da qual a comunicação mediúnica com o mundo espiritual foi estabelecida.
31 de Março de 1848
Não há morte
Não há mortos
Colocado aqui por M.E Cadwallader
5 de dezembro de 1927"











Placa que marca o local em que moraram as irmãs Fox



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[*] Para as pessoas que não conhecem a literatura relativa às Irmãs Fox, figuras principais deste capítulo, parece-nos indispensável acrescentar algumas informações comuns, naturalmente já desnecessárias para os Espíritas. As três irmãs Fox – LEA, MARGARIDA e CATARINA – passaram a figurar na história do Espiritismo, como elementos, aliás, de citação obrigatória, a partir de 1848, quando se verificou em Hydesville, nos Estados Unidos, os célebres fenômenos de ruídos e pancadas (‘raps”), cuja repercussão deu motivo a uma bibliografia hoje numerosa. As irmãs Fox eram de origem protestante, pois a família, pelo menos em parte, pertencia à denominação metodista. Quando surgiram as primeiras provas da mediunidade, no seio da família Fox, através dos inesperados e surpreendentes fenômenos de Hydesville, ainda não existia a Doutrina Espírita. Os fenômenos, a princípio, foram objeto de curiosidade popular, mas a verdade é que, depois, passaram a ser motivo de interesse científico tanto na América do Norte como na Europa. A Doutrina Espírita, com base nos fenômenos, veio mais tarde, com o conjunto de livros que constituem a Codificação de Kardec. Criou-se, assim, a palavra Espiritismo juntamente com o corpo de Doutrina organizado por Allan Kardec.

Das três irmãs Fox, como teremos ocasião de ver, a que teve situação de mais evidência, notadamente na imprensa, em razão das campanhas que contra ela se levantaram, foi Margarida. Eram ainda bem jovens quando ocorreram os fatos de 1848 : Margarida tinha 14 anos, Catarina estava apenas com 11 anos, Lea ensinava piano, e era a mais velha. Catarina casou-se, na Inglaterra, em 1872, com o advogado H. Jencken, jurista conceituado, autor de um Compêndio de Direito Romano, e Secretário Geral da “Associação para a Codificação do Direito Internacional”. Jencken foi um dos primeiros adeptos do Espiritismo na Inglaterra. Margarida contraiu núpcias, nos Estados Unidos, com o Dr. Elisha Kane, médico, mas ficou viúva logo em 1857. Margarida e Catarina faleceram em 1890 e 1900, respectivamente. Lea casou-se um Underhill, homem de recursos, e teve divergências domésticas muito sérias com Margarida. Lea escreveu, mais tarde, um livro sobre os acontecimentos de Hydesville, publicado em 1885, por Knox & Cia., de N. York, mas de pouca divulgação. Calcula-se que a sua desencarnação tenha ocorrido no fim do século passado ou no começo do século XX.

Dos fenômenos de Hydesville, com a participação direta das irmãs Fox, surgiu o movimento denominado Moderno Espiritualismo (“Modern Spiritualism”), embora a História registre fenômenos extra-humanos desde os tempos mais primitivos. O movimento norte-americano, entretanto, não chegou a corporificar a Doutrina. Até hoje, por exemplo, os espiritualistas norte-americanos, ingleses, nórdicos, etc. (escola anglo-saxônica) dizem “moderno espiritualismo” ou simplesmente “espiritualismo”, uma vez que não adotam a orientação de Allan Kardec. A Doutrina Espírita saiu da França, com a Codificação de Allan Kardec, e não dos Estados Unidos. Indiscutivelmente, porém, as irmãs Fox tiveram, no campo mediúnico, papel importantíssimo na história do Espiritismo. Devemos-lhes o mais justo reconhecimento.

Para melhor e minucioso conhecimento da vida e ação das irmãs Fox, apesar de se encontrarem referencias na maioria das obras Espíritas, indicamos a seguinte bibliografia :

“El Espiritismo (su historia, sus doctrinas, sus hechos)” – CONAN DOYLE – Edição Argentina de “Shapire”. A edição inglesa é muito rara.

“Origem Del Espiritismo y su doctrina” – Carlos Chiesa – Editora “Constancia”, de Bueno Aires.

“As heroínas de Hydesville” – Alfredo Miguel – (Monografia) – Bahia.


(*) NOTA – Todos os documentos aqui transcritos estão na obra de Conan Doyle, já citada.



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