REVISTA "THE LANCET" SUBMETE A EXPERIÊNCIA DE QUASE-MORTE - EQM À APRECIAÇÃO MÉDICA MUNDIAL.
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SOBRE O PERIÓDICO "THE LANCET"
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O Jornal “The Lancet” surgiu em 5 de outubro de 1823. Desde o início, o objetivo de seu fundador, Thomas Wakley, foi divertir, instruir e transformar. A instrução veio na forma de transcrição de palestras médicas das instituições de ensino de Londres; o entretenimento nos primórdios do jornal consistia de críticas de teatro e comentários políticos pungentes. Mas o “The Lancet” sempre foi, antes de tudo, um jornal médico reformista. Thomas Wakley e seus sucessores visavam combinar a publicação do melhor da Ciência Médica no mundo com o zelo de se opor às forças debilitantes dos valores da Medicina, quer sejam políticas, sociais ou comerciais.
Mais de 180 anos depois, The Lancet é uma voz independente e de autoridade na Medicina global. Buscamos publicar Pesquisas Médicas de alta qualidade que irão alterar a prática médica ; nosso compromisso com a saúde internacional garante que pesquisas e análises de todas as regiões do mundo sejam amplamente cobertas. Exames críticos de pesquisas e avaliações são oferecidos por meio de fortes seções de Comentário e de Correspondência ; a opinião e a personalidade do “The Lancet” são comunicadas em três editoriais a cada semana ; a rápida disseminação de questões prioritárias é realizada pela publicação online antecipada no site www.thelancet.com ; e o sucesso contínuo de nossos títulos mensais especializados garante que o “The Lancet” ofereça conhecimento aprofundado em disciplinas-chave da Medicina.
EXPERIÊNCIA DE QUASE-MORTE EM SOBREVIVENTES DE PARADAS CARDÍACAS: UM ESTUDO PROSPECTIVO NA HOLANDA
https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140673601071008/abstract
Introdução
Algumas pessoas relatam Experiências de Quase-Morte (EQM) após uma crise envolvendo risco de morte. Nossos objetivos foram estabelecer a causa desta experiência, e avaliar os fatores que afetam sua frequência, profundidade e conteúdo.
Métodos
Em um estudo prospectivo, incluímos 344 pacientes cardíacos consecutivos que foram ressuscitados com sucesso depois de paradas cardíacas em dez hospitais holandeses. Comparamos informações demográficas, médicas, farmacológicas e fisiológicas entre os pacientes que relataram EQM e os pacientes que não relataram (controle) após a ressuscitação. Em um estudo longitudinal de mudanças de vida após a EQM, comparamos os grupos 2 e 8 anos mais tarde.
Resultados
62 pacientes (18%) relataram EQM, dos quais 41 (12%) descreveram uma experiência típica. A ocorrência da experiência não foi associada à duração do ataque cardíaco, nem à perda de consciência, medicação ou medo da morte antes da parada cardíaca. A frequência de EQM foi afetada pelo modo como definimos este conceito, a natureza prospectiva da pesquisa em pacientes cardíacos mais velhos, idade, sobrevivência à parada cardíaca no primeiro infarto do miocárdio, mais de uma ressuscitação cardiopulmonar (RCP) durante a permanência no hospital, EQM's anteriores e problemas de memória após RCP prolongada. A profundidade da experiência foi afetada pelo sexo, sobrevivência ao RCP fora do hospital e medo antes da parada cardíaca. Um número substancialmente maior de pacientes que vivenciaram uma EQM, especialmente uma experiência profunda, morreram durante os 30 dias após a RCP (p<0·0001). O processo de transformação após a EQM levou vários anos, e foi diferente para pacientes que sobreviveram à parada cardíaca sem EQM.
Interpretação
Não sabemos por que tão poucos pacientes cardíacos relataram EQM após a RCP, embora a idade seja um fator. Levando-se em conta uma explicação puramente fisiológica para a experiência, como anoxia cerebral, a maior parte dos pacientes que estiveram clinicamente mortos deveria relatar EQM.
O trecho abaixo foi extraído dos parágrafos finais da seção "Discussão":
“Com a falta de evidência para quaisquer outras teorias de EQM, o conceito atualmente presumido – embora ainda não provado – de que a consciência e as memórias estão localizadas no cérebro deve ser discutido. Como uma pessoa pôde manter uma consciência vívida fora do corpo, enquanto o cérebro deixa de funcionar durante o período de morte clínica com EEG reto?”.
(…)
A pesquisa deve se concentrar no esforço para explicar cientificamente a ocorrência e o conteúdo da EQM. A pesquisa deve enfocar certos elementos específicos da EQM, tais como experiências extracorpóreas e outros aspectos verificáveis. Finalmente, a teoria e o histórico da transcendência [ leia-se espiritualistas e paranormais ] devem ser incluídos como parte de uma estrutura de explicações para estas experiências.
Sabom MB. "Luz e morte: o relato fascinante de um médico sobre experiências de quase-morte." Michigan: Zondervan Publishing House, 1998: 37–52.
The Lancet, Volume 358, Número 9298, 15 de dezembro de 2001
Dr Pin Van Lommel MD
Afiliações:
a. Divisão de Cardiologia, Hospital Rijnstate, Arnhem, Holanda
b. Divisão de Tilburg, Holanda
c. Divisão de Nijmegen, Holanda
d. Capelle a/d Ijssel, Holanda
DISSOCIAÇÃO EM PESSOAS QUE TIVERAM EXPERIÊNCIAS DE QUASE-MORTE: FORA DE SEUS CORPOS OU FORA DE SI?
https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140673600820139/abstract
Introdução
Algumas pessoas que chegaram perto da morte relatam ter experiências nas quais elas transcendem as fronteiras do ego e o confinamento de tempo e espaço. Tais experiências de quase-morte (EQM's) compartilham algumas características com o fenômeno da dissociação, na qual a identidade própria de uma pessoa se separa das sensações corpóreas. Este estudo explorou a frequência de sintomas de dissociação em pessoas que chegaram próximo à morte.
Métodos
96 indivíduos que relataram EQM's e 38 indivíduos que chegaram próximo à morte mas que não tiveram EQM's preencheram um questionário por correio que incluiu uma medição da “profundidade” da experiência de quase-morte (a escala EQM) e uma medição dos sintomas de dissociação (a Escala de Experiências Dissociativas). As pontuações medianas nos dois grupos foram comparadas com os testes U Mann-Whitney. A associação entre a profundidade da EQM e os sintomas dissociativos foi testada pelo coeficiente de correlação de Spearman entre as pontuações na escala EQM e na escala de experiências dissociativas.
Resultados
As pessoas que relataram EQM's também relataram um número significativamente maior de sintomas dissociativos que o grupo de comparação. Dentre aqueles que relataram EQM's, a profundidade da experiência esteve positivamente correlacionada com os sintomas dissociativos, embora o nível dos sintomas fosse substancialmente menor que o dos pacientes com transtornos dissociativos patológicos.
Interpretação
O padrão dos sintomas dissociativos relatados por indivíduos que tiveram EQM's é consistente com respostas dissociativas não-patológicas ao estresse, e não com transtorno psiquiátrico. Uma maior compreensão do mecanismo de dissociação pode trazer mais luz à quase-morte e a outras experiências místicas ou transcendentais.
The Lancet, Volume 355, Número 9202, 05 de fevereiro de 2000
Dr Bruce Greyson MD
Afiliações:
Divisão de Estudos da Personalidade, Departamento de Medicina Psiquiátrica, PO Box 800152, University of Virginia Health System, Charlottesville, VA 22908–0152, EUA
MORRENDO PARA SABER A VERDADE: VISÕES DE UM CÉREBRO AGONIZANTE OU FALSAS MEMÓRIAS?
https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140673601071331/fulltext
A natureza da relação Mente-Cérebro e a possibilidade da vida após a morte são algumas das mais profundas questões que estabelecem relação para situar o gênero humano no Universo.
O relatório de hoje [ dez/2001 ] do “Lancet”, por Pim van Lommel e colaboradores das Experiências próximas da morte (EQM) em sobreviventes de ataques cardíacos propicia dados intrigantes que são de suma importância para essas questões. Neles está a segunda perspectiva que estuda esse modelo. A primeira sendo uma pequena escala feita em Southampton, por Parnia e colegas colaboradores. Ambos os grupos de Pesquisadores pensam que suas descobertas indicam uma necessidade de revisão radical das atuais proposições sobre as relações entre consciência e função cerebral.
Van Lommel e colegas perguntam:
“Como poderia uma consciência vívida [ evidente ] fora de um corpo ser sentida [ percebida ] no momento que o cérebro não mais funciona durante um período de morte clínica com o EEG [eletroencefalograma] plano?”.
Mas a verdade é que ninguém conhece quando as EQM's relatadas por esses pacientes realmente ocorreu. Isso aconteceu durante o período de ECG reto ou poderia tais EQM's terem ocorrido com os pacientes que rapidamente entraram ou gradualmente se recuperaram daquele estado?
Em outra parte, Parnia e Fenwick tem examinado EQM's durante ataques cardíacos e tem considerado a última possibilidade. [ acima descrita ]. Eles pensam que tal explicação é improvável, principalmente por causa de informações de fatos curiosos de pacientes que recordam precisamente de eventos que tomaram lugar durante o efetivo ataque cardíaco, aparentemente durante a Experiência Fora do Corpo (EFC), fase da EQM. Uma EFC pode ser definida como uma experiência na qual uma pessoa parece perceber o mundo de um local fora do seu corpo físico. Tal informação de fatos curiosos foi relatado por Van Lommel e colegas durante a fase piloto dos seus estudos junto à enfermaria da unidade de tratamentos coronarianos. Infelizmente, eles não relatam se qualquer experimento foi feito para colaborar detalhes com o paciente.
Em muitas ocasiões prévias, tais experimentos e colaborações tem revelado que a evidência não foi tão impressionante como isso inicialmente pareceu. Blackmore lista várias explicações não-paranormais e alternativas como o porquê pessoas podem algumas vezes parecerem descrever cuidadosamente eventos que ocorreram durante suas EQM's. Estes incluem “informações disponíveis naquela altura, conhecimentos prévios, fantasias ou sonhos, suposições felizes, e informações dos sentidos remanescentes. Então há memória seletiva para detalhes precisos, incorporação de detalhes aprendidos entre a EQM, explicações correlatas e a tendência de contar boas histórias.
Com isso, o componente EFC da EQM oferece probabilidades de melhores expectativas de emitir todo tipo de crítica a conceitos atuais de relações entre consciência e função cerebral. Parnia e colegas tem escondido objetos em tabuas suspensas no teto das salas de hospital, usados em seus estudos, na expectativa de que algum paciente relate uma EFC durante seus ataques cardíacos. Eles deveriam, a seguir, serem capazes de identificar os objetos. Infelizmente, nenhum dos quatro pacientes que experimentaram uma EQM no estudo, experimentaram também uma EFC como parte da EQM. Entretanto, se relatos de percepção verídica durante EFC estavam para aparecer em futuros estudos, eles deveriam representar um forte desafio para qualquer explicação não-paranormal de EQM.
Van Lommel e relatórios de colegas relatam evocar a possibilidade de novos e potenciais artefatos em tais estudos. Parece que, pelo menos, algumas EQMs podem ser resultado de falsas memórias da mente tentando, retrospectivamente, “preencher o espaço”, depois de um período de inatividade cortical. Os investigadores relatam que, em dois anos de acompanhamento, 4 dos 37 pacientes contactados para atuar como controles (isto é, pessoas que não tinham, previamente, relatado uma EQM), disseram que já tiveram uma [EQM ]. Embora esses pacientes representassem menos do que 1% do total da amostra, eles representavam mais de 10% dos 37 pacientes entrevistados a fim de atuar como controles. Se esta subamostra é absolutamente representativa, isto implica que aproximadamente 30 pacientes da amostra dos 282 que inicialmente negaram uma EQM, deveriam, se eles tivessem sobrevivido por outros 2 dias, estar reivindicando que eles tinham tido uma [EQM].
Van Lommel e colegas sugerem que esses pacientes podem ter sido relutantes ou incapazes de descrever suas EQM's na primeira entrevista, mas nenhuma tentativa parece ter sido feita para confirmar essas possibilidades com seus próprios pacientes. Parece provavelmente que, pelo menos alguns pacientes, ouvindo sobre outros sobreviventes de EQM, deveriam começar a imaginar o que deveria ter sido, como se eles tivessem tido a mesma experiência. Recentes estudos psicológicos têm mostrado de modo conclusivo que simplesmente imaginando que alguém tenha tido experiências que não tenham de fato nunca sido confrontadas, levará ao desenvolvimento de falsas memórias para aquelas experiências. De forma interessante, suscetibilidade para falsas memórias têm relação com a tendência à dissociação, as quais, por sua vez, correlacionam com a tendência a relatar EQM's.
Talvez a mudança de classificação de pacientes não representa nada mais do que mudanças na definição de EQM em diferentes estágios de estudo. Esta possibilidade pode receber algum apoio face ao fato de que, em dois anos de acompanhamento, mais de um terço dos 17 pacientes que tinha originalmente relatado EQM's superficiais foram então julgados não terem tido originalmente EQM's, absolutamente. Outra possibilidade está efetivamente descartada. Tais problemas devem ser reformulados em futuros estudos porque todos os seus efeitos seriam para obscurecer a distinção entre pacientes de EQM e não-EQM. Esta interposição tornaria muito mais difícil de identificar possíveis diferenças fisiológicas e psicológicas entre os grupos. Apesar disso, a perspectiva natural dos estudos de Van Lommel, Parnia e colegas está para ser bem-vinda como um maior avanço a respeito de convergências de retrospectivas [ análises de eventos passados ].
References:
1. Parnia S, Waller DG, Yeates R, Fenwick P. A qualitative and quantitative study of the incidence, features and aetiology of near death experiences in cardiac arrest survivors. Resuscitation 2001; 48: 149-156. MEDLINE | CrossRef
2. Parnia S, Fenwick P. Near death experiences in cardiac arrest: visions of a dying brain or visions of a new science of consciousness? Resuscitation (in press).
3. Blackmore S. Dying to live: science and the near-death experience. London: Grafton, 1993:.
4. Blackmore S. Out-of-body experiences In: , Stein G, ed. The encyclopedia of the paranormal. Amherst, NY: Prometheus, 1996: 480.
5. Garry M, Manning CG, Loftus EF, Sherman SJ. Imagination inflation: imagining a childhood event inflates confidence that it occurred. Psychonomic Bull Rev 1996; 3: 208-214.
6. Goff LM, Roediger HLM. Imagination inflation: the effects of number of imaginings on recognition and source monitoring. Memory Cognition 1998; 26: 20-33.
7. Loftus EF. Imagining the past. Psychologist 2001; 14: 584-587.
8. Heaps C, Nash M. Individual differences in imagination inflation. Psychonomic Bull Rev 1999; 6: 313-318. MEDLINE
9. Hyman IE Jr, Billings FJ. Individual differences and the creation of false childhood memories. Memory 1999; 6: 1-20. MEDLINE
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