Desaparecimentos de Pessoas no Brasil: Uma Questão Complexa


Anualmente, o Brasil enfrenta um alarmante número de desaparecimentos. Segundo dados do Ministério da Justiça, cerca de 80 mil pessoas desaparecem por ano no país. Esse fenômeno é multifacetado e pode ser atribuído a diversos fatores, que vão desde questões sociais até problemas familiares.

Um dos principais motivos é a violência. Em muitos casos, pessoas desaparecem em situações ligadas ao tráfico de drogas, homicídios ou mesmo sequestros. A impunidade e a falta de segurança pública contribuem para o aumento desses números. Além disso, questões relacionadas a disputas familiares, como casos de custódia, são frequentemente citadas. Muitas crianças e adolescentes são levados por um dos pais em situações de conflito, resultando em desaparecimentos que podem durar anos.

Outro fator importante são as crises sociais e econômicas. Em áreas de vulnerabilidade, a falta de oportunidades pode levar jovens a se envolver em atividades criminosas, aumentando os riscos de desaparecimento. A exploração sexual, que afeta principalmente meninas e mulheres, é uma realidade alarmante em várias regiões do Brasil.

Embora as estatísticas sejam preocupantes, há também um aspecto positivo: muitos desaparecidos são encontrados. Dados indicam que cerca de 60% das pessoas desaparecidas são localizadas. Esse resgate é frequentemente resultado do trabalho de organizações não governamentais, além de iniciativas de familiares e da mobilização social nas redes sociais.

Entretanto, a burocracia e a falta de integração entre as forças de segurança podem dificultar a localização das vítimas. Muitas vezes, os registros de desaparecimento não são feitos de forma adequada, o que impede um mapeamento preciso do problema.

Além disso, é fundamental mencionar a importância da conscientização sobre o tema. Campanhas educativas e o fortalecimento de redes de apoio são essenciais para prevenir desaparecimentos e ajudar na busca por pessoas que sumiram. A atuação conjunta de governo, sociedade civil e meios de comunicação pode gerar um impacto significativo nesse cenário.

A questão das pessoas desaparecidas no Brasil é complexa e requer uma abordagem ampla, que considere não apenas a busca por indivíduos, mas também as causas profundas desse fenômeno. Somente com uma atuação integrada e consciente poderemos enfrentar essa triste realidade e trazer esperança para aqueles que ainda buscam por seus entes queridos.

Frequentemente, os familiares dedicados à busca têm dificuldades para encontrar informações confiáveis. Eles convivem com a incerteza sobre o paradeiro de seu ente querido muitas vezes por anos ou décadas. Dedicam-se à busca por respostas e, muitas vezes, encontram pouco apoio. Neste percurso, passam por riscos e enfrentam experiências traumatizantes, de desamparo e incompreensão. Muitos esgotam os seus recursos financeiros e emocionais, o que também debilita sua saúde física e mental, levando ao adoecimento. Além disso, podem sentir-se isolados, ter dificuldades para trabalhar, para acessar seus direitos e para outras atividades da vida diária. Quanto menor a resposta da comunidade e dos serviços públicos, mais graves se tornam as suas necessidades.

Mas, felizmente, uma iniciativa do MJSP - Ministério da Justiça e Segurança Pública parece apontar para uma possível mitigação desse problema: Essa iniciativa está organizada em três etapas: a coleta de DNA de familiares, a coleta de DNA e impressões digitais de pessoas vivas com identidade desconhecida e a pesquisa de impressões digitais de pessoas falecidas com identidade desconhecida.

Será uma força-tarefa coordenada em todo o país. Haverá mais de 270 pontos de coleta preparados para receber os familiares que ainda não tenham doado material genético para identificação de pessoas desaparecidas.




Acesse: Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas



Mais detalhes podem ser vistos no Site oficial Gov.br:

https://www.gov.br/mj/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/mobilizacao-nacional


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Desaparecimento de Crianças e Adolescentes


Acesse: Portal da Infância e Juventude - Desaparecimentos



No Site do TJRJ - Tribunal de Justiça do Rio, é informado que, no Brasil, são 250 mil pessoas desaparecidas até hoje. A cada 15 minutos uma criança ou adolescente desaparece, segundo dados da CPI da Câmara dos Deputados de 2010.

Conflitos familiares, uso de drogas ou álcool, maus tratos e abuso sexual, trabalho escravo, remoção de órgãos e adoção ilegal estão entre as principais causas de desaparecimento. Também registram orientações em caso de desaparecimento de Criança e/ou Adolescente:

1) Procure a delegacia mais próxima e registre o caso imediatamente;

2) Leve fotos atualizadas do desaparecido na hora de registrar a ocorrência;

3) Esteja atento ao número do telefone que é indicado como contato da família. Quando estão nervosas, as pessoas podem informar um número antigo ou errado. Isso dificulta a investigação;

4) Avise amigos e familiares sobre o sumiço;

5) Percorra locais de preferência da criança;

6) Saiba informar quem são os amigos dela e com quem pode estar;

7) Esteja atento às roupas que a criança ou adolescente está usando e, em caso de sumiço, descreva para a polícia;

8) Mantenha alguém à espera no local de onde ela sumiu. É comum que ela retorne para o mesmo ponto;

9) Ensine as crianças, desde pequenas, a saberem dizer seu nome e nome dos pais;

10) Informe sobre a rotina, estado emocional ou condições físicas da pessoa;

11) Descreva as características físicas como altura, cor da pele, idade, peso, tipo de cabelo, cor dos olhos, etc;

12) Passe os dados do celular, como nota fiscal para rastrear o IMEI (Identificação Internacional de Equipamento Móvel), que é uma sequência única de 15 dígitos;

13) Informe sobre as redes sociais da pessoa desaparecida;

14) Faça uma descrição do contexto do desaparecimento;

15) Quando a criança ou adolescente for localizada, informe a polícia.


O caso mais emblemático de desaparecimento de crianças é o de Madeleine McCann, inglesa de 3 anos, em 2007. A ausência repentina da criança ocorreu durante as férias com os pais, numa praia de Algarve, Portugal. O desaparecimento foi notícia de destaque em vários países. A foto dela estampou capas de dezenas de jornais. O sumiço de Madeleine foi acompanhado diariamente por noticiários de TV durante várias semanas, tal era o interesse do público. Mas a menina jamais foi encontrada.


Em caso de desparecimento de criança e/ou adolescente e/ou idoso procure ajuda em um destes canais, no RJ:

https://www.tjrj.jus.br/web/portal-da-infancia-e-juventude/desaparecimento-de-crianças-e-adolescentes

https://www.soscriancasdesaparecidas.rj.gov.br/consulta_publica/consulta_publica.php

https://www.mprj.mp.br/todos-projetos/plid


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Dados Estatísticos


Acesse: Estatísticas dos Desaparecidos no Brasil



De 2015 a 2023, houve em média, 75.300 pessoas desaparecidas por ano, o que resulta em 206 desaparecidos por dia, mais de 8 pessoas por hora.

O Mapa da Segurança Pública do MJSP - Ministério da Justiça e Segurança Pública, mostra que 40,9% dos registros se concentraram na região Sudeste, percentual influenciado pelos números do Estado de São Paulo, que teve 18.421 desaparecimentos em 2023. A região Sul aparece em seguida, com 25,4% do total no país. O menor percentual ficou na Região Norte, com 6% dos casos.

O documento aponta que 63% dos desaparecidos eram do sexo masculino, 36% eram mulheres e em 1% dos casos o sexo não foi informado. Na análise sobre a idade, 72% eram maiores de 18 anos e 25% eram menores. O maior percentual de desaparecimentos de menores de idade foi observado em Roraima, onde 42% dos casos envolveram crianças ou adolescentes.

O cenário em 2024 revela que, entre janeiro e agosto, desapareceram 45.670 pessoas, sendo 29.498 do sexo masculino (64%), 15.833 do feminino (34%) e 2% de sexo não definido. Desse total, 12.148 tinham até 17 anos e 32.415, mais de 18 anos. Já em relação a pessoas localizadas, o número total foi de 30.016, com 10.736 do sexo feminino e 17.931, do masculino. Já foram localizadas 7.654 pessoas de até 17 anos e 20.887 de até 18 anos, em 2024.

No período de 2015 a 2023, os cinco Estados onde mais desaparecem pessoas seguem na ordem:

1) São Paulo: 214.467
2) Minas Gerais: 80.679
3) Rio Grande do Sul: 79.592
4) Rio de Janeiro: 48.920
5) Paraná: 47.176

Um Relatório completo pode ser visto na página do MJSP. Os dados se referem de Janeiro a Agosto de 2024, mas podem ser alterados desde 2015 ou todos de uma só vez. Podemos ver todos os Estados, DF e seus percentuais. Também é possível ver a mesma Estatística pelo Programa Power BI, da Microsoft:

https://www.gov.br/mj/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/desaparecidos/politica-nacional

https://app.powerbi.com/view


No Brasil, o caso que mais chamou a atenção do País foi o de Priscila Belfort, irmã do famoso lutador brasileiro Vitor Belfort. Priscila tinha 29 anos e trabalhava na Secretaria Municipal de Esportes e Lazer do Rio de Janeiro, localizada na Avenida Presidente Vargas, região central da cidade, quando saiu para almoçar durante o expediente do dia 9 de janeiro de 2004 e não voltou mais.

Este fato chocou o país e provocou o início de uma batalha da família Belfort por respostas. O caso ajudou a mudar como a polícia lida com o sumiço de pessoas, mas, até hoje, o paradeiro de Priscila não foi descoberto.


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Mas como procurar uma pessoa desaparecida no Brasil?


Se você tem um familiar ou amigo desaparecido, deve, primeiramente, registrar um boletim de ocorrência, que pode ser feito pela internet, na Delegacia Eletrônica , ou no distrito policial mais próximo de sua casa.

Além disso, o aplicativo "Sinesp Cidadão" (atualmente chama-se Sinesp Agente de Campo), tem, dentre outros objetivos, fornecer a toda sociedade uma solução de Tecnologia da Informação para o exercício da cidadania, conforme prevê o art. 144 da Constituição Federal de 1988, o qual afirma ser a segurança pública um “dever do Estado, direito e responsabilidade de todos”. Desta forma, nossa atual Constituição Federal, determinou que a responsabilidade pela segurança pública não é exclusiva do Estado e, portanto, todos os cidadãos devem contribuir de forma a resguardar a ordem pública e zelar por sua própria segurança e a das demais pessoas em apoio ao Estado, que detém protagonismo do tema, mas não é o único ator.

Inicialmente obtenha o citado Aplicativo nas Lojas do seu Smartphone. Para efetuar o pré-cadastro no Sinesp é necessário autenticar no GOV.BR. Após logar no GOV.BR retorne à página do Sinesp para a conclusão do cadastro. Crie sua conta no GOV.BR depois retorne à página do Sinesp para a conclusão do cadastro. Você receberá um e-mail com todas as instruções para finalizar o seu acesso.

Após esse processo, selecione "Desaparecidos". É possível filtrar consulta por faixa etária, região, período de desaparecimento e nome do desaparecido clicando no ícone superior direito representado por três pontos e selecionar "Filtrar".






Ou então consulte o Cadastro abaixo, informe-se ou faça o seu registro:

Acesse: CNPD - Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas

CNPD - Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas



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Mais Sites, Referências e Notícias sobre Pessoas Desaparecidas


Acesse: Mães da Sé - SP



https://www.maesdase.org.br/

https://www.guia.heu.nom.br/desaparecidos.htm

https://desaparecidosdobrasil.org

https://noticias.r7.com/brasilia/brasil-teve-225-pessoas-desaparecidas-por-dia-em-2023-diz-ministerio-da-justica-12042024

https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2023/08/5120654-artigo-dia-internacional-das-pessoas-desaparecidas.html

https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/brasil-registrou-mais-de-80-mil-pessoas-desaparecidas-em-2023-numero-e-32-maior-que-o-ano-anterior/

https://clinicasdotestemunhosc.weebly.com/boletim-25.html

https://apps.mprj.mp.br/sinalid

https://www.icrc.org/pt/document/pessoas-desaparecidas-acabar-com-o-silencio


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Conclusão


O fenômeno do desaparecimento de pessoas no Brasil é uma questão alarmante e multifacetada, que reflete não apenas a violência e a impunidade, mas também problemas sociais e familiares complexos. Com cerca de quase 80 mil casos por ano, é essencial que a sociedade se mobilize para entender e enfrentar as causas que levam a esses desaparecimentos.

Embora um número significativo de pessoas seja encontrado, muitos ainda permanecem desaparecidos, deixando famílias em sofrimento e incerteza. A falta de uma resposta rápida e eficaz das autoridades agrava a situação, evidenciando a necessidade de melhorias na estrutura de segurança pública e na integração entre diferentes órgãos responsáveis pela busca.

Além disso, iniciativas de conscientização e apoio comunitário são fundamentais para prevenir desaparecimentos, especialmente entre grupos vulneráveis, como crianças e adolescentes. A mobilização social, através de campanhas e do uso das redes sociais, pode ser uma ferramenta poderosa na luta contra essa triste realidade.

Ainda há diversos desafios em relação à consolidação dos dados sobre pessoas desaparecidas, especialmente no que tange aos casos resolvidos e à classificação das causas dos desaparecimentos solucionados, que segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, chega a 60%. E em muitos casos, os parentes não voltam à delegacia para registrar o boletim de ocorrência de localização, ou seja, não comunicam que a pessoa foi encontrada. E isso pode aumentar o percentual de casos solucionados. Parece uma boa notícia, não é? Infelizmente não há um lado bom nessa história. Muitos casos ficam em aberto por anos, décadas e, nesses casos, o tempo corre contra a vontade dos familiares de terem uma resposta, seja ela qual for.

A construção de um futuro em que as pessoas não desapareçam mais ou que, pelo menos diminuam os casos de desaparecimento no Brasil, requer um esforço conjunto entre o governo, a sociedade civil e a mídia. Somente assim poderemos oferecer esperança a milhares de famílias e construir um ambiente mais seguro e solidário para todos.











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